segunda-feira, 7 de abril de 2014

Um alguém chamado: Eu



Poesia é inexplicável, é inclassificável. É indefinido e temido. É perfurante e despido. É o alucinante e também congestionante. Eu escrevo não para viver no mundo e sim para sair dele como algo elusivo. Posso melancolizar, exagerar mais que Cazuza, sentimentalizar mais que Los Hermanos e dramatizar mais que Chico Buarque. Posso ser igual a feijão com arroz ou como Aninha e Renato. Posso ter uma "serespaperconfi" com você, mas com a esperança de que seja para sempre. Infinito enquanto dure. Talvez eu misture tudo menos você, porquê você já é a mistura que eu preparo e é a única que consegue sair com um gostinho de pão de mel. E que os vultos não assustem o meu coração, mas que as vertigens voltem acompanhadas de prazer para que eu possa viver. E assim como o lápis precisa do papel, eu preciso da minha plenitude sobre o meu merecer e preciso ainda mais da minha soberania para o meu entardecer, mas que deixe subtender que eu sou uma pequena flor em olhos lindos de viver. E mesmo parecendo não ter fim, eu prefiro deixar assim subtendido, por que às vezes o abstrato estraga e é do estrago que eu gosto. 

_Alana Thomé



Nenhum comentário:

Postar um comentário